Como anda a preservação digital no Brasil? Com a palavra: Miguel Márdero Arellano

Como anda a preservação digital no Brasil? Com a palavra: Miguel Márdero Arellano
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Miguel Ángel Márdero Arellano, pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) é uma das maiores autoridades em preservação digital no Brasil, tanto no campo da pesquisa como atuando em parceria com diversas instituições, especialmente públicas. Ele foi entrevistado na matéria Aprofundando as raízes da preservação digital, publicada na edição n. 15 da Revista do Arquivo.

A conversa passa pelos seus 30 anos de experiência na área, o papel do Ibict, as ações da Rede Caraniana que ele coordena, a formação dos profissionais para atuarem na área, as normas ISO, o modelo OAIS, os metadados, os repositórios digitais, a adoção do Archivematica no Brasil, o Hipátia e seus barramentos já desenvolvidos, o protagonismo do poder Judiciário na temática e a importância da automação de processos pra garantir a integridade da informação preservada.

A entrevista foi conduzida pelos editores da Revista do Arquivo, Flávio Arantes (executivo) e José Carlos Grácio (convidado na Edição n. 16), com participação da então diretora do acervo do Arquivo, Camila Brandi.

Leia a íntegra da entrevista na seção científica da Revista do Arquivo: https://revista.arquivoestado.sp.gov.br/ojs/revista_do_arquivo/article/view/289

Seguem algumas falas de destaque de Miguel, e mais abaixo a galeria de imagens que ilustram a entrevista.

Cariniana e as raízes da preservação digital

A Rede Cariniana engloba instituições que se empenham em desenvolver programas de preservação digital. Seu logotipo é inspirado no jequitibá, uma espécie de árvore conhecida pela resistência. Entre os produtos e serviços oferecidos pela Cariniana, Miguel destaca o diretório de revistas de preservação digital brasileiras, a Revista Brasileira de Preservação Digital, o glossário de termos e o repositório de dados de pesquisa, que foi o primeiro com sede no Brasil desde 2015. “Somos uma rede e uma agência de preservação de periódicos científicos, reconhecida pelo ISSN Internacional, que somente existem 12 no mundo, e é muito interessante o trabalho com eles, porque eles fazem toda uma métrica de periódicos que adotam algum sistema de preservação e o Brasil é um país que tem um sistema nacional para preservar seus periódicos que não estão em outro lugar no mundo preservados”.

Mais que instalar programas, é preciso instalar conhecimento

Sobre a formação de profissionais para a área, “o que nós vemos quando se chega aos Arquivos para adotar uma solução, ao pedir uma consultoria, muitas vezes se vê que eles não têm as equipes necessárias. E aí temos que fazer não apenas a instalação do sistema, mas sim a instalação do conhecimento, do nosso know-how, do framework da preservação digital.”

Empoderamento: comissão interna de preservação digital

Márdero Arellano ressalta que para uma instituição ter preservação digital efetiva é essencial que seja criada uma comissão de preservação digital “nomeada pelo reitor ou nomeada por alguma autoridade na instituição, que vai dar autoridade a essa comissão a propor a adoção de práticas de preservação digital.”

O tratamento arquivístico vai muito além do Archivematica

Questionado sobre sua pesquisa de 2022 que investigou o uso do Archivematica no Brasil e detectou que 100% das instituições que o adotaram não faziam rotinas de vistoria, de gerenciamento ativo dos repositórios e dos pacotes, Miguel crava que “o Archivematica não faz tudo, ele faz só algumas partes” e que o “Archivematica precisa de outros serviços, ou precisa ainda de melhoramento nas atividades que foram automatizadas”, destacando o BarraPres, barramento desenvolvido pelo Ibict, como uma solução que facilita o procedimento anterior ao depósito: a criação do SIPs (pacotes de informação para submissão).

Preservação digital ambientalmente sustentável

Quando questionado sobre instituições de referência na matéria, Miguel destaca a Associação de Arquivistas Americanos como “a que mais avançou até agora na parte de preservação digital ambientalmente sustentável. Eles já vêm de mais de cinco ou seis anos trabalhando sobre isso e hoje já estão dando algumas recomendações muito boas” como por exemplo “não deixar os servidores ligados 24 horas”, evitando assim uma demanda energética desnecessária.

  • Fluxograma com quadro azul e 3 avatares externos sobre fundo branco: à esquerda o produtor, abaixo o administrador e à esquerda o consumidor
    Modelo OAIS/entidades funcionais com destaque para os pacotes de informação de entrada/admissão (SIP) pelo produtor e pacotes de saída/acesso (DIP) para o consumidor. Ilustração: Conarq (Diretrizes RDC-Arq, 2015).
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