Vestígios cartográficos dos séculos XVIII e XIX

Vestígios cartográficos dos séculos XVIII e XIX

Publicado originalmente em 19 de outubro de 2015

Os arquivos costumam ser guardiões de grande quantidade de documentos iconográficos, como fotografias, plantas e mapas. Normalmente, esses itens compõem processos que refletem atividades administrativas de governança que requerem elaboração de representações pictóricas de espaços, de atividades ou fatos ocorridos. Entretanto, devido ao seu formato especial (às vezes grandes ou em suportes específicos), muitas vezes as pessoas não enxergam fotografias e mapas como documentos de arquivo e causam verdadeiros danos às pesquisas históricas e científicas.

Morgado de Mateus, na condição de Capitão General, no exercício de suas funções de governo na capitania paulista entre 1765 e 1775, foi pródigo na prática sistemática de mapeamento do território paulista. Afinal, era ele um militar com visão de estrategista que veio para estas terras com missão belicista de enfrentamento às ameaças de invasões espanholas. Além do mais, à época Portugal era potência avançada na produção de artefatos de representação do espaço e os mapas eram verdadeiros segredos de estado e os cartógrafos eram objetos de disputas pelos reinos.

Mas, claro, nem todas as representações cartográficas eram tão elaboradas, havia aquelas que eram feitas para as necessidades imediatas, que possuíam pouco rigor técnico e se baseavam em elementos de memória de seus produtores, colonos, funcionários da coroa e viajantes.

Assim, a elaboração de mapas e croquis era comum para o auxílio na locomoção entre os povoados e, de alguma forma, justificavam a posse de terras e propriedades. Esse material, de características muito simples, continha referências ao cotidiano dos povoados, normalmente edificações e seus proprietários, que moldavam os caminhos utilizados. Para os governantes portugueses, por outro lado, proporcionavam elementos para o estabelecimento de uma organização administrativa mais efetiva.

Nesta seção, destacamos alguns desses documentos iconográficos produzidos no período de governo dos capitães generais em São Paulo.

Aproveitamos para convidar o leitor a conhecer o nosso acervo cartográfico acessando o sítio: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/repositorio_digital/documento_cartografico

  • Mostra a verdadeira situação dos lugares por onde se farão as setes principais divisões do seu governo com o de Minas Gerais.
    Coleção: APESP. Data: 1776. Dimensão: 48x62 cm. Suporte: papel. Tipo de Obtenção (do original): litografia
  • Mapa desenhado do Oficio de Luiz Antônio de Souza, Capitão General de São Paulo ao governo da Metrópole.
    Coleção: APESP. Data: 1773. Dimensão: 51x62 cm Suporte: papel cartão Tipo de Obtenção (do original): Colorido com nota explicativa sobre cartão
  • Relação dos lugares em que se devem fazer os Ranchos para repouso dos condutores de asucares da Vila de Itú até o Porto de Santos. Vicente da Costa Taques e Aranha.
    Coleção: APESP. Data: 1797. Dimensão: 44x35 cm. Suporte: papel trapo.Tipo de Obtenção (do original): Nanquim colorido com aquarela em papel trapo
  • Estrada Nova da Vila de São Carlos a Pinheiros. Mapa em sombra da qual se vê todas as mudanças que tem tido este caminho desde que o Coronel Luiz Antonio de Sousa Queirós comprou aquele Engenho. Vila de São Carlos (atualmente Campinas) Pinheiros (Pouso dos Pinheiros atualmente Valinhos). Felipe Neri Teixeira.
    Coleção: APESP. Data: 26/05/1810. Dimensão: 34x22 cm. Suporte: papel algodão. Tipo de Obtenção (do original): Nanquim e grafite
  • Planta da Construção da Estrada do Piques. Daniel Pedro Muller. Reprodução de José Rosael.
    Coleção: APESP. Data: 17/10/1814. Dimensão: 46x26 cm. Suporte: papel cartão. Tipo de Obtenção (do original): nanquim colorido e aquarela
  • Carta Topographica de parte das Terras pertencentes à Fazenda do Cubatam, que foi dos Extintos Jesuítas, para se mostrar as paragens em que se querem estabelecer os 4 casais de Ilhéus. Daniel Pedro Muller, 4 de Setembro de 1817.
    Coleção: APESP. ata: 1817. Dimensão: 50x40 cm. Suporte: papel algodão. Tipo de Obtenção (do original): Nanquim e aquarela
  • Villa Boa de Goyas e tudo que pertence ao seu termo. 1758. Doação: Isau Santos, Diretor do Arquivo Histórico Ultramarino em 12 de Maio de 1982.
    Coleção: APESP. Data: 1758. Dimensão: 40x48 cm. Suporte: papel. Tipo de Obtenção (do original): impressão offset colorida

Bibliografia

CAVENAGHI, Airton José. O território paulista na iconografia oitocentista: mapas, desenhos e fotografias. Análise de uma herança cotidiana. Anais do Museu Paulista. São Paulo, vol.14, n.1, p. 195-241, 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S010147142006000100007. Acesso em: 21 set. 2015.

MICELI, Paulo C. O ponto onde estamos: viagens e viajantes na história da expansão e da conquista (Portugal, séculos XV e XVI). 1992. Campinas, Unicamp, Tese de doutorado em História. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000053700

SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria de Governo. Arquivo Público do Estado de São Paulo. Catálogo da exposição “Em nome d’El Rey: 250 anos do governo Morgado de Mateus em São Paulo (1765 -2015)“. São Paulo, 2015. Disponível em https://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_morgado/material_apoio/catalogo_morgado_de_mateus.pdf

Editoria